Todo início de ano letivo são veiculadas notícias de barbáries, atos de selvageria, produzidos pelos “veteranos” aos indefesos calouros.
Há exemplos revoltantes como os de uma faculdade de veterinária de uma cidade no interior de São Paulo, que faz os calouros rolarem em excrementos animais, sob ameaça de chicotadas.
Não sei se foi na mesma ou em outra faculdade, que fizeram um rapaz ingerir cachaça, até ele entrar em coma alcoólico, levando simultaneamente chutes e pontapés.
Há alguns anos, um rapaz, de origem oriental, foi encontrado morto na piscina do centro desportivo da Faculdade de Medicina da USP.
Há também, entre muitos outros casos, a jovem que teve um líquido( que não nomeiam) jogada em seu corpo, por outra jovem, e o corpo foi queimado, exibindo cicatrizes horríveis. As cicatrizes permanecerão para sempre.
Tantas e tão bárbaras são as agressões que a nossa mente apaga as outras muitas, provavelmente como mecanismo de defesa.
O que não entendo é porque as universidades lavam as mãos em todos estes casos. Deveria ser proibido estatutariamente, a prática de trotes, que não fossem além da recepção festiva de calouros, com a promoção de eventos sociais ou outros quaisquer que visassem a integração do neo estudante ao mundo novo que está ingressando.
Reitores alegam que nada podem fazer relativamente a atos praticados fora de suas dependências. É claro que podem. É só constarem de seus estatutos a pena de expulsão para os que contrariem a norma estatutária.
A polícia, não sei porque, também nunca encontra os culpados e os poucos casos que são levados a ela, acabam sendo arquivados.
A rotina de barbárie repete-se anualmente, e as manifestações de sadismo, de agressões, de violência descomunal, são tratadas com a mesma banalidade que vemos serem tratados jovens que assassinam pai e madrasta, que entram numa sala de exibição cinematográfica e disparam visando a todos e a ninguém em particular, e casos outros, que pipocam nos noticiários.
Com certeza eles, um dia, estiveram entre os “veteranos” que violentamente aplicaram “trotes” em indefesos “calouros”.
fevereiro 17, 2009 at 5:47 am
É uma coisa terrível mesmo, Odete! E deveria sim ser proibido, sem dúvidas!!
Bjoooooooooo!!!!!!!!!!!!
fevereiro 17, 2009 at 2:40 pm
Olá Odette,
O que sempre acho impressinante nessas histórias é que o trote é uma “válvula de escape socialmente aceita” para a prática de sadismo, do prazer de demonstrar poder sobre determinadas pessoas, e muitas vezes esse sadismo fica fora de controle.
Muitos profissionais, psicólogos, antropólogos, estudam esse lado sádico do ser humano e não conseguem explicar o por que disso, pra que?
Exite um livro escrito por dois antropólogos chamado “O macho demoníaco” cujo conteúdo descorre sobre o lado agressivo, sádico, e a necessidade de infligir sofrimento somente por prazer ou para mostrar poder, que existe nos chimpanzés. A teoria desses antropólogos é que tais práticas não são exclusivas dos primatas humanos (nós) e muito provalvelmente que as herdamos desses nossos parentes.
Mas mesmo assim, pesquisa atrás de pesquisa, tentativas de explicação não eliminam esse comportamento sádico, de louvor ao poder e continuam fazendo parte de nossa sociedade. O que fazer? Acho que somente a ameaça de punição é que poderá ajudar a frear esses ímpitos. Afinal, antes de tudo, sempre tem nosso instinto de sobrevivência comandando nossas ações.
Beijos,
Patrícia
fevereiro 17, 2009 at 6:53 pm
É impressionante a passividade com que tratam de ações tão violentas. E assim é também com torcidas organizadas que em nome do futebol cometem atrocidades inomináveis. São casos de segurança pública, sem dúvida. E as faculdade precisam sim de assumir parte que lhes cabe nesses episódios, bem como as agremiações esportivas.
Cadinho RoCo
fevereiro 18, 2009 at 2:30 pm
Volto porque sempre volto.
Cadinho RoCo
fevereiro 19, 2009 at 7:40 pm
Enquanto não estivermos todos educados (digo: a sociedade), enquanto não houver uma revolução na forma de ensinar, atos dessa natureza irão continuar acontecendo, devido a natureza primitiva do homem.
No entanto enquanto não resolvem esta questão punição severas são necessárias.