Todo início de ano letivo são veiculadas notícias de barbáries, atos de selvageria, produzidos pelos “veteranos” aos indefesos calouros.

 

 

        Há exemplos revoltantes como os de uma faculdade de veterinária de uma cidade no interior de São Paulo, que faz os calouros rolarem em excrementos animais, sob ameaça de chicotadas.

       

        Não sei se foi na mesma ou em outra faculdade, que fizeram um rapaz ingerir cachaça, até ele entrar em coma alcoólico, levando simultaneamente chutes e pontapés.

 

 

        Há alguns anos, um rapaz, de origem oriental, foi encontrado morto na piscina do centro desportivo da Faculdade de Medicina da USP.

 

        Há também, entre muitos outros casos, a jovem que teve um líquido( que não nomeiam) jogada em seu corpo, por outra jovem, e o corpo foi queimado, exibindo cicatrizes horríveis. As cicatrizes permanecerão para sempre.

 

 

        Tantas e tão bárbaras são as agressões que a nossa mente apaga as outras muitas, provavelmente como mecanismo de defesa.

 

        O que não entendo é porque as universidades lavam as mãos em todos estes casos. Deveria ser proibido estatutariamente, a prática de trotes, que não fossem além da recepção festiva de calouros, com a promoção de eventos sociais ou outros quaisquer que visassem a integração do neo estudante ao mundo novo que está ingressando.

 

        Reitores alegam que nada podem fazer relativamente a atos praticados fora de suas dependências. É claro que podem. É só constarem de seus estatutos a pena de expulsão para os que contrariem a norma estatutária.

 

        A polícia, não sei porque, também nunca encontra os culpados e os poucos casos que são levados a ela, acabam sendo arquivados.

 

        A rotina de barbárie repete-se anualmente, e as manifestações de sadismo, de agressões, de violência descomunal, são tratadas com a mesma banalidade que vemos serem tratados jovens que assassinam pai e madrasta, que entram numa sala de exibição cinematográfica e disparam visando a todos e a ninguém em particular, e casos outros, que pipocam nos noticiários.

 

         Com certeza eles, um dia, estiveram entre os “veteranos” que violentamente aplicaram “trotes” em indefesos “calouros”.